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  • Foto do escritorrutefiguinha

05:00

05:00!

Acordo com a sensação de não ter dormido nada.

A minha cabeça não pára.

Sento-me no meu cantinho do costume onde ultimamente aos olhos de todos me escondo e volto a escrever-te.

Hoje acordei com um sentimento de gratidão.

Sou grata por estar viva, por poder olhar o céu e observar a lua como se sorrisse para mim.

Um quarto minguante lá no céu ainda escurecido pela falta do sol.

Oiço o chilrear dos pardais nas imediações e sinto-me abençoada.

Eu não preciso de razões, eu não preciso de nada.

Estou viva e isso basta. A vida para mim tem um valor inestimável.

Hoje sinto que vai ser um dia diferente.

Queria ter-te aqui, mas não tenho, pelo menos não da forma que desejava.

Sei que muitos vão pensar e até partilhar suas opiniões, de que ainda passaram só três meses em que as saudades são tão pequenas em comparação às saudades eternas que terei de enfrentar até ao meu último dia aqui na terra. Talvez até tenham razão, mas como já referi outras vezes, somos todos diferentes e seres únicos em toda a sua essência.

Ontem li num comentário feito numa peça da SIC, onde aquela mãe dizia que morreria se ficasse sem os seus filhos. Eu também já pensei assim e tantas vezes o verbalizei, cheguei mesmo a referi-lo uma semana antes, e o universo resolveu colocar-me à prova.

Fisicamente não se morre porque perdemos um filho ou porque ele simplesmente decidiu que já havia vivido tudo. Vivemos sim com uma amargura no nosso coração.

A resposta que eu dei a esta mãe foi a que o meu coração explodiu de emoção em partilhar.

- "Liliana, eu dizia o mesmo, mas depois tens mais do que um filho que te agarra à vida e pensas que não podes ser assim tão egoísta".

O meu filho matou-se há três meses e dois dias (isto à data do meu comentário).

Na véspera do seu 19º aniversário. Deixando para trás dois irmãos a sofrer de morte. Uma mãe não abandona! Ela luta mesmo sem força! Beijinho".

E esta é a realidade! Quis o universo partilhar comigo esta lição.

Desta forma, abraça-la-ei mesmo com a alma dorida pela impotência de não ter conseguido fazer nada com o Pedro ainda em vida.


Amo-te Pedrocas e amar-te-ei eternamente meu filhote.




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