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  • Foto do escritorrutefiguinha

A carta sobre ti no 1º encontro de Pais e Mães em Luto.

Olá meu amor, hoje trago-te uma carta que te escrevi ontem dia 31 de Agosto de 2019.

Uma carta elaborada com amor de forma a te apresentar no 1º encontro de Pais e Mães em luto, um grupo por mim criado depois da tua partida de forma a estar mais perto de pessoas extraordinárias em toda a sua essência e com algo tão particular em comum. "A Morte".


" Tenho saudades de ser tua mãe. Saudades das nossas brincadeiras. Saudades de te ouvir falar. Saudades da luz que irradiavas.

Eras para mim um ser perfeito com todas as tuas imperfeições. Desde pequenino que acumulavas os teus sentimentos, principalmente quando se tratava de dor. Talvez tenha sido mesmo isso que te foi destruindo desde que te tornaste um ser vulnerável ao perderes a tua avó, tinhas apenas sete anos.

Foi a tua maior perda. Não falaste, não choraste, pelo menos na minha frente. Sei que esse perda te magoou profundamente. Foste um menino sempre bondoso para os demais e sempre detestastes as injustiças.

Até ao teu último dia, sempre te preocupaste com o que os outros sentiam e fazias o possível e o impossível por os ajudar ou acompanhar nas suas lutas diárias.

Não o falo de cor! Falo-o com conhecimento de causa pelas mensagens deixadas e partilhadas entre ti e eles. Ou pelas cartas endereçadas a ti já no leito da tua morte.

Tenho saudades de cozinhar para ti, ou de te ouvir dizer: "Xi mãe, lá vou eu ter que engolir as ervilhas ou o puré de batata sem tomar o gosto". E eu ria-me juntamente contigo, mesmo que tu não tivesses muita vontade. Eras educado e eu tinha imenso orgulho nisso.

Vivo numa luta constante e tu nem te dás conta de nada.

É terrível, ver os cereais permanecerem no armário e o leite quase nem se gastar, já nem falo nos doces, todos na mesma há três meses por os teus irmãos não lhes ligar.

Os chocolates, conto nove tabletes, seis delas eram para a tarte que ía fazer para ti em especial.

Desisti, apesar dos manos e do pai me pedirem para a fazer, de forma a te homenagear. E eles nem são apreciadores de chocolate. Já viste a quantidade de detalhes que nos assombra?

Tenho saudades de te massajar as pernas depois de um jogo de futebol, principalmente quando te magoavas.

Sinto falta. sinto falta, sinto falta e irei continuar a sentir porque tu não estás mais aqui para preencheres as faltas.

O meu Pedro era assim, um pouco de tudo, um filho que com o seu particular feitio era um filho perfeito. E não são todos eles? Filhos perfeitos?

É isso que eles são entendem!?

que apesar de todas as falhas e de todos os erros, nós os amaremos sempre, e acima de qualquer preço. Até mesmo, acima do mais caro de todos, A MORTE!!!

Este era um meu Pedro Alexandre, um jovem que amava a música, amava dançar, amava cantar, amava dormir, amava a natureza, o escotismo, o futebol, amava passear e divertir-se com os seus amigos. Amava ver séries na televisão e a saga dos Police Academy ou os Piratas das caraíbas.

Ria à gargalhada de uma forma envolvente que chegava a ser impossível ficar indiferente.

Gostava de entrar pelo mato a dentro e perder-se lá por horas, nem que fosse só para se encostar em uma árvore.

Amava uma boa fogueira, que aprendera a fazer com o pai desde pequeno.

Amava representar numa peça de fogo de Conselho e envolvia-nos a todos em momentos de bem-estar. Amava o mar, uma boa mergulhada na piscina e de brincar.

Sim, o meu Pedro ainda brincava, apesar dos seus 18 anos e 364 dias.

Poderia ficar aqui eternamente a falar do que ele era e principalmente do que representava em nossas vidas, porque não é por ele ter morrido, mas o meu filho era um ser maravilhoso e especial.

Amo-te Pedrocas e vou amar-te para sempre.


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