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Morte que fizeste tu afinal?

Morte que fizeste tu afinal?

Que contra partida é esta que não encontro uma resposta nem uma solução.

- "Eu só queria cá o meu irmão".

Ouço-o muitas vezes da boca do teu mano.

- "Eu só queria que ele tivesse cumprido com a sua promessa, de lutar pelos sonhos que tinha comigo".

É duro, sabias? Ver os teus irmãos agonizar dia-a-dia de saudades da tua companhia.

Hoje tive um sonho, em que uma figura masculina escura e sem feições, falava comigo enquanto se desprendia de outro corpo humano, que se dissipava no meio do nada e se desintegrava como pó.

Recordo-me de ter ficado incrédula a olhar, e de questionar o porquê de estar aquilo acontecer. E a resposta que me deu, foi a de que "ele tanto falou e viveu a morte que eu fiz-lhe a vontade".

E o meu sonho acabou. Que quererá este sonho dizer? Eras tu nele?

Estarei focada demais na morte do meu filho? Como não ficar?

É um filho! O meu! Que se perdeu da matéria mas não do meu coração.

Quer acreditem ou não, só há bem pouco tempo me consciencializei que o tempo é a única coisa que não tem solução. Ele segue o seu caminho sem ser possível recuperar o que já se viveu.

O tempo é demasiado valioso e por vezes nem nos damos conta do quanto.

Queremos tudo para ontem e quando tempo o que desejamos, não lhe damos o valor devido.

O tempo e o amor deixam-nos vulneráveis. Quem ama, vive em permanente vulnerabilidade. Essa é a grande verdade. Quantos de nós não experiência-mos o sentimento de medo ao longo do crescimento de nosso filhos? Temos medo de perde-los, vamos vê-los a dormir para ver se estão a respirar, entre outras coisas que estamos sempre aconselhar, para que eles estejam bem e em segurança.

Mas nem sempre é como desejamos. O medo e o amor estão em permanente ligação e isso torna-nos vulneráveis. Mas facto é que poder amar-te, conhecer-te e deixar de lado a mágoa que me assalta o coração cada vez que me lembro de ti com saudade é estar vulnerável.

Deixar o guarda-roupa intacto, os móveis e a casa do mesmo jeito, usar o mesmo perfume que ele, foram coisas que não me foram permitidas devido à tristeza dos teus irmãos.

Já frequentar os mesmos lugares que frequentaste, sabem-me a um pouco de tudo e a um pouco de nada porque tu não estás.

Tenho lido, que viver no saudosismo é uma péssima escolha para quem quer seguir em frente.

É algo que representa viver da forma como gostaríamos de viver caso ainda estivesses presente.

Mas como fazer diferente? Não consigo! Não entendes?

O processo de luto envolve muitas lágrimas, ser forte, corajosa e determinada e muita força de vontade em viver.

Devemos sempre respeitar o nosso tempo e acima de tudo ouvirmos o nosso coração.

O pior de tudo é quando o nosso coração nada nos diz, a não ser de que está a sofrer e muito.

E já nem me prenuncio acerca da morte, porque a morte é o fim de tudo.


Amo-te Pedro!

Amo-te muito e gostava imenso que a tua história tivesse sido diferente.




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