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Roubaste-me o maior privilégio de todos filhote!

Roubaste-me o maior privilégio de todos filhote!

O de te ver crescer e envelhecer aos meus olhos.

Nunca vou saber como serias daqui a uns anos e não há aplicação nenhuma que o consiga adivinhar.

Tiraste-me os abraços que ficaram por dar, os beijos, os elogios e todo o amor que guardo dentro do meu coração e carrego na minha alma.

Nunca mais vou ter contigo uma fotografia actualizada, até nisso saías a mim. Amavas tirar fotografias e melhor que todas as prendas, adoravas tira-las comigo. Nunca me negaste tal, nem eu a ti. "Tira uma fotografia comigo Mãe" ou dizia eu: - "Tira uma fotografia comigo, filho".

Sempre foi assim. Nunca mais o vou poder fazer filhote. Nunca, nunca mais.

O que me resta agora é uma página onde posso dedicar-te o meu amor incondicional acima de todas as coisas que eu já vivi,

Nesta página aproveito igualmente para transmitir aos jovens em geral e a todos os teus amigos que eras especial e que vejo agora no final que não era só tristeza. Tu estavas doente! Sim! Doente!

Nunca o aceitaste perante os teus pais, mas nos teus testemunhos escrevias isso e muito mais, e eu lamentarei até à minha hora final o facto de não teres tido a coragem, nem a força para agarrares a minha mão.

Espero mesmo que os meus testemunhos, que partilho com todos os que os quiserem ler e partilhar, chegue aos seus corações e que pensem que podia ser o vosso filho, o vosso amigo a ser homenageado nesta página.

Constato que por mais atentos e presentes sejamos nas vidas deles, seremos sempre considerados como uns "cotas" chatos e aborrecidos. Sim! Porque os jovens, infelizmente pensam assim.

"Estou farto dos meus pais", "Zanguei-me com a minha mãe", "não posso ouvir mais o meu pai" "os meus pais não me entendem" "os velhos são mesmos chatos", "quero ter a minha vida própria", "não quero depender de ninguém". Estas são frases de alguns jovens que conheço que partilhavam com o meu filho e que por razões óbvias não partilho identidades, contudo eram também as do meu filho.

Eu também já as disse um dia quando tinha a vossa idade e pensava como vocês. "Tenho o mundo inteiro contra mim", "estou farta disto", "ninguém me compreende". Mas não é assim meus queridos,

Eu estava errada! O Pedro estava errado! E todos os que pensam assim também estão!

Os pais são os vossos melhores amigos e se pensarem de outro modo, estão totalmente errados e equivocados com o verdadeiro significado da palavra liberdade e do conceito de família.

É óbvio que existem jovens que não tem a felicidade de terem os seus pais consigo, mas certamente terão alguém que se preocupa com eles e que respeitam a importância desse papel.

Para o meu Pedro é tarde, mas não é para o meu David, para o meu Francisco e seguramente para vocês também.

Gostava sinceramente que dessem importância aos textos que escrevo sobre vários alertas que vos faço sobre o suicídio, depressão e não somente aos textos que escrevo sobre a minha dor, saudades que sinto do meu filhote Pedro ou o meu processo de luto.

Tenho plena consciência que muitos de vós partilham da mesma dor por filhos que já perderam e outros, por filhos que vivem esta tormenta entre ficar vivo ou morrer.


Com carinho,

A mãe do meu filho tem asas.




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