Hoje escrevo para vocês!
Tenho vindo a escrever alguns alertas que os jovens de hoje em dia dão, e que muitas vezes não temos em consideração. Não porque sejamos negligentes com a nossa postura de pais, nada disso, mas acima de tudo porque nós também já tivemos a idade deles e pensámos em muitos dos exemplos, como eles, que aqui irei referir. Mas estamos aqui! Somos sobreviventes das nossas tristezas e desgostos enquanto jovens. Quem nunca pensou que tinha o mundo contra ele entre os 15 e os 18 anos?
Não vou aqui defender que os nossos filhos apesar de partilharem algum destes comentários ou praticarem alguma destas posturas, que vão em seguida colocar um termo à sua vida ou sequer que é nisso que pensam a toda a hora, ou chegaram a pensar.
Não vale a pena estarmos aqui com rodeios, quando sabemos que hoje em dia a realidade dos nossos filhos e a sociedade em que eles vivem é bem diferente do que foi a nossa outrora.
Tem tudo, e querem ainda mais, e quando os pais não podem, entram em revolta interna.
Escrevo-vos hoje este texto principalmente porque já diversas mães me procuraram pelo Facebook ou por aqui no site, a pedirem-me orientação. Podia ficar indiferente a tais solicitações, afinal eu perdi o meu filho porque acreditei na palavra dele, quando me dizia que se encontrava somente cansado.
"Somente cansado, não é nada mãe. Não te preocupes".
Últimas palavras a viva voz que disse ao seu irmão do meio, de apenas 16 anos na altura, quando o encontrou na biblioteca da escola nessa tarde maldita. "Não te preocupes, está tudo bem".
Mas não fico indiferente, e é por isto, somente por esta razão! Não, o meu filho não me deu indÃcios de nada na altura, antes de tudo acontecer. Pensámos sempre, que seria um jovem como nós outrora fomos. "Com a ideia do mundo à s costas".
Hoje depois de muito ler e pesquisar acerca do suicÃdio nos jovens e nas consequências da depressão, é o que me move a escrever-vos este texto, para que se puder evitar que algum de vós enquanto pais, sofram com a morte por suicÃdio, ou algum de vós enquanto filhos, peçam ajuda antes de ser tarde demais.
Quero começar o meu alerta, por lhe dizer que lamento imenso o que está a viver e a sentir.
Antes demais, sugerir-lhe que procure um psicólogo ou em caso de impossibilidade que contacte com o médico de famÃlia. Eles dispõe de mecanismos que podem vir ajudar. Os sinais são variados, dependendo de jovem para jovem e tendo em conta vários aspectos da vida social e familiar do mesmo. Mas existe uma lista designada como uma lista de alerta.
Tenho disponibilizado conteúdos aqui nesta página, no meu Facebook e na pagina do "meu filho tem asas" também no facebook.
Por exemplo:
- A vida não me sabe a nada,
- O que ando cá a fazer,
- Nada me faz sentido,
- Quero morrer,
- Se morrer, ninguém vai dar pela minha falta,
- Não quero viver,
- Sou um peso na vida dos meus pais,
- Quero que tudo se lixe ou se foda,
- Estou farto desta merda de vida,
- Isolar-se dos amigos,
- Isolar-se da famÃlia,
- Isolar-se da leitura,
- Isolar-se de ver televisão,
- Não querer ir à praia ou passear, quando antes eram actividades que gostava muito,
- Passar o dia na cama,
- Ficar somente dependente dos jogos,
- Ficar deprimido com frequência,
- Chorar sem motivo aparente,
- Dizer que anda triste e que nada o faz feliz,
- Perder o apetite,
- Deixar de praticar desporto, coisa que fazia antes,
- Perder o interesse pela escola,
- Ouvir musicas com conteúdo negativo e depreciativo,
- Ser fã de Ãdolos de bandas em que os cantores se suicidaram,
- Ouvir canções sobre tristeza,
- Começar a beber,
- Começar a fumar,
- Iniciar-se nas drogas leves,
- Recusar convites de amigos para festas quando era algo que ele gostava imenso,
- Começar a desprender-se dos seus bens materiais que tanto gostava,
- Começarem as insónias,
- Dizer que só está cansado e nada mais.
Ele vai dizer-lhe que não quer ser ajudado e que nem precisa de ajuda.
Tenha em atenção desenhos que ele possa fazer em que esteja presente a morte através de qualquer sÃmbolo.
Tenha atenção a frases que ele possa escrever aleatórias.
Tenha em atenção nomes de canções que ele possa escrever.
Aconselho a verificarem os cadernos escolares ou outro que ele tenha no quarto.
Não permita portas fechadas à chave.
Atenção aos medicamentos, ou produtos tóxicos que tenha na sua dispensa.
Atenção a objectos cortantes.
Atenção a cortes no corpo ou marcas sem aparente explicação.
Digam-lhes que os amam imenso e que não podem ficar sem eles em hipótese alguma.
Mostrem-lhes a minha realidade. Leiam-lha em voz alta E abracem-os muito, beijem-os muito Digam-lhes que eles são muito importantes!
Que são a vossa razão de viver e que por eles fariam qualquer coisa para os verem felizes.
Ressalto novamente o que já escrevi antes, em outros textos.
Não existe um guião que se deva seguir e decorar no que toca a criar um filho.
São seres únicos e com as suas próprias realidades.
Muito se pode dizer ou tentar fazer, mas a realidade dura e crua é a que se o jovem não quiser ser ajudado, nada do que digamos ou façamos vai fazer diferença na sua decisão final quando decide colher a sua própria vida.
Eu já pensei diferente!
Hoje não penso mais!
Contudo recuso-me a desistir de um filho ou de qualquer outro ser humano.
Com carinho,
Mãe de o meu filho tem asas.