Hoje não me sinto bem,
já escrevi o mesmo em outros textos, mas é mesmo a minha realidade actual.
Todos os dias a sentir-me mal.
Todos os dias acordo mal, mas depois impele-me a reagir.
Mas hoje não quero!
Hoje sinto somente que devo viver a tristeza tal como ela é.
Sem máscaras aparentes para a ocultar.
A minha história é a de como qualquer outro ser humano com altos e baixos e algumas tábuas de salvação, mas hoje não!
Tenho experênciado testemunhos que chegam até mim, uns de força, em que apesar de terem passado pela perda de um filho é possÃvel viver. E outros que não tem vontade nenhuma de cá estarem e só desejam abraçar seus filhos mais uma vez, juntando-se a eles.
É aqui, precisamente aqui que começa o meu turbilhão.
Quando penso no que aconteceu com o meu filho Pedro, o que é impossÃvel não pensar a toda a hora, sinto-me mal, muito mal mesmo.
E penso tantas vezes que a minha dor é tão diferente. Não sei se é justo ou não, mas é o que eu sinto e com ela uma grande indignação.
Sinto-me envergonhada!
Tantas histórias, tantas mortes inesperadas de filhos colhidos a seus pais por uma doença maldita, um acidente de viação, um afogamento ou uma perda de outro qualquer meio.
E eu? eu perco um filho porque ele decide que é assim que quer viver a sua morte.
Matando-se!!!
Sinto-me revoltada!
Sinto-me zangada!
Um jovem cheio de vida!
Um jovem saudável!
Um jovem tão amado!
Um jovem que simplesmente decidiu abandonar-nos.
Chego a pensar sinceramente se ele nos amararia assim tanto quanto o dizia.
É isto!
Sinto-me envergonhada por o meu filho pensar que não andava cá a fazer nada.
Pais que choram porque a vida de seus filhos lhes foi roubada. E nós aqui por casa sofremos porque o nosso filho assim decidiu. Envolto em depressão ou não, faltou-lhe a coragem para ser ajudado, mas não para morrer!
É duro demais!
Castrador demais!
Porque ele não morreu simplesmente, com ele foi diferente.
Ele escolheu morrer!
Impôs-me este status social de mãe defilhada porque ele não acreditava em mais nada.
Amo-te e amar-te-ei eternamente Pedrocas mesmo que não aceite a tua morte.